segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ditadura da beleza


Supostamente a finalidade desta imagem é mostrar o quão a sociedade é influenciada culturalmente, em relação a aparência, modo vestir, falar e etc. A imagem mostra que essa influência é tão intensa, que até as mães impõe aos filhos o “modelo social” que eles devem seguir. Como retratado na imagem, a mãe tem o objetivo de fazer o cabelo de sua filha acompanhar o padrão de beleza exigido pela sociedade. 

A seguir, o relato de uma pessoa que sofreu muito preconceito na infância e na adolescência, no entanto, resistiu às imposições de beleza da sociedade. 

“Me lembrei que quando eu era criança, minha mãe penteava meus afros no chuveiro, fazia duas chiquinhas de onde brotavam inúmeras trancinhas com suas bolinhas coloridas na ponta. Na escola, meu cabelo era apelidado carinhosamente de “Bombril”, entre outras coisas bonitas pra uma criança preta ouvir, mas isso não chegava aos ouvidos de nenhum dos meus familiares. Na verdade eu não entendia muito bem o que estava acontecendo ali. Eu me sentia inferior a todos, mas não sabia o motivo, logo, não sabia expressar o que estava havendo. Eu como criança preta, mesmo que alheia a minha vontade na época, me via isenta do direito de liberdade de escolha sem saber o significado dessa expressão. Estava eu crescendo num ambiente totalmente hostil, que me excluía socialmente pela minha estrutura física, pela cor da minha pele e pela textura do meu cabelo. Aí dei um salto pra minha adolescência, onde me vi igualmente excluída dos padrões de beleza. Tudo era feito para um determinado “tipo de ser humano” e eu não me encaixava nos pré-requisitos. Aí resolvi sofrer mesmo! Surgiram as escovas com formol. E adivinha? Lá estava eu, firme e forte, aplicando em meu cabelo. Até que meu couro cabeludo disse assim: “Ô cretina! Não tá vendo que tá me machucando? Não vai parar não? Então, paro eu! E meu cabelo começou a cair! Depois disso, demorou uns 9 anos pra eu parar e definitivamente entender que o meu cabelo não é feio e que eu estava me submetendo a um padrão branco, apagando minha própria imagem, minha imagem verdadeira perante o mundo. Minhas características africanas eram para ser evidenciadas e não escondidas. Cada parte do meu corpo, cada mínima parte do meu corpo reflete minha essência. É o que eu sou e me desfazer disso, para ser aceita é a prova de que eu não me respeito.” 

Nenhum comentário:

Postar um comentário